Histórias do povo da beira de um rio
Maria Inês Portugal
Janeiro de 2014
Costumo
ler e escrever ao mesmo tempo. Confortos tecnológicos disponibilizados pelos
escravos de Jobs. Gosto da modernidade. Escrevo para não morrer. Escrevo porque
assim imagino-me conversando com mais gente. Driblo a solidão ou sou driblada
pelo computador! Engano-me, crendo conversar com meus amigos velhos da aldeia.
Sei que neste
momento estão confabulando na esquina da padaria. Uma esquina da cidade onde
habito tem o nome de “Boca Maldita”. Nos cafundós do Mato
Grosso também tem uma esquina semelhante – é o “Senadinho”- onde o papo rola em torno do mensalão, preçodasoja, joaquimbarbosa,
dacarnedoboi, primeiradama. Nossa
esquina da padaria precisa rapidamente ser batizada! Afinal é lá que os
assuntos tomam consistência na aldeia.
Ai como eu
queria saber!!! o que dizem os aldeões sobre as novidades publicadas pelo
Bajona no “Aqui”? que assuntos foram os mais comentados? quem morreu? e a
ponte? cai já ou resiste aos caminhões de areia molhada? Na aldeia é assim. Os
assuntos correm pelas ruas, quebram nas esquinas e colorem a vida do povo.