domingo, 14 de julho de 2013

                       

                 O Menino do Chapéu                                                                  

                            Maria Inês Portugal      

Todo dia ele ficava ali.
Gostava de ver o subir e o descer das gentes pela rua. A quem passava ele cumprimentava esbanjando felicidade “B’a tarde, D Doralice!” “Bença, Sô Dá”. Assim era com o homem do pão, com as crianças da escola, com o povo da missa e as enfermeiras do hospital. O menino arrancava brincadeiras até dos soldados do quartel. Eles passavam e davam sinais de uma vida feliz. O menino sempre sorria e cumprimentava a todos. Divertia-se até com os burros de carga que passavam também. Uns, levavam o leite para a Companhia, outros arrastavam a lenha para entregar não sei bem onde. Os burros andavam em passo cadenciado, em fila, uns atrás dos outros. Refletiam uma aparente aceitação circunspecta. Assim, a vida se apresentava. Curiosa e intrigante para o menino eram umas cargas acondicionadas em tubos de taquara. Eram embaladas em folhas de bananeiras verdes. Muito mais tarde o menino aprendeu que assim transportavam os queijos preparados nas fazendas para vender na cidade.


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